The BouncerThe Bouncer

Muito antecipado após o primeiro trailer e com o hype subindo cada vez mais pelo fato do game ser um dos títulos da primeira leva de jogos do PlayStation 2, The Bouncer foi um desastre de vendas apesar da promessa de ser um jogo incrível.

The Bouncer

Produzido pela Squaresoft, atual Square Enix, e DreamFactory, The Bouncer é um beat’em up lançado em 23 de Dezembro de 2000 no Japão para o PlayStatation 2, sendo um dos games na primeira leva de títulos disponíveis para a mais recente máquina da Sony. O game teve versões lançadas na America do Norte e Europa durante o ano de 2001, em 6 de Março e 22 de Junho respectivamente.

Originalmente anunciado durante a Tokyo Game Show de 1999, The Bouncer foi o primeiro game da Square no PlayStatation 2 e desde o anúncio no evento, o game foi largamente coberto por veículos de imprensa até o seu lançamento definitivo. Uma demonstração seria exibida na TGS de Setembro de 99 mostrando o sistema de batalha que o game implementaria e os visuais limpos e bem polidos que o título tinha, sendo considerados um dos jogos mais bonitos já vistos até então.

O trailer exibido durante o evento mostrou ambientes destrutivos, a física dos movimentos de luta e como os personagens reagiriam ao serem golpeados e algumas localidades em que a narrativa do game se desenvolveria. O material divulgado durante o evento foi o bastante para que uma grande expectativa fosse gerada sobre o título, com destaques sendo dados ao sistema de batalha e visuais.

Apesar de todo o hype gerado pela imprensa cada vez menos material foi revelado sobre o game. Dificuldades técnicas com o desenvolvimento para o novo console da Sony, comuns toda vez que a tecnologia usada dá um salto muito grande em relação ao que já é usado no mercado, causaram atrasos e o eventual corte ou mudanças na estrutura do game. Quando The Bouncer foi finalmente lançado, o título já não contava com os cenários destrutivos prometidos, modo campanha muito curto, câmera problemática em certos pontos e controles um tanto quanto teimosos.

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Capa de The Bouncer com destaque para Sion. Fonte Moby Games

Enredo

The Bouncer tem a proposta de ser uma mistura entre filme de ação e jogo. A narrativa, considerando apenas o que o game conta durante as cutscenes e diálogos, é bastante rasa, sendo reduzida à busca por vingança pelo atual líder de uma mega corporação de energia solar. Mais detalhes sobre os personagens e alguns esclarecimentos sobre o mundo do game são dados nas telas de carregamento do jogo, na forma de diálogos escritos que quase não são vistos já que o game começa tão logo o carregamento é concluído.

Basicamente o game apresenta três seguranças que estão tendo um dia tranquilo no bar Fate, Sion, Kou e Volt. Por motivos desconhecidos para os três uma equipe do que parecem ser forças militares/seguranças raptam Dominique, amiga dos rapazes e parte em retirada após um breve embate no bar. Os três partem em perseguição pela cidade, enfrentando mais membros da misteriosa organização em diversas localizações e pouco a pouco descobrindo quem está por trás do sequestro de Dominique.

Após uma série de lutas e encontros com membros da organização, o que inclui alguém do passado de Volt, descobre-se que o o novo líder do Grupo Mikado, empreendimento especializado em energia solar e que publicamente está tentando resolver a crise de energia mundial (detalhe não explorado, usado apenas como uma das justificativas para o game acontecer) foi o mandante do sequestro.

É a partir daqui que a narrativa do game fica um pouco estranha. Dauragon Mikado, lider atual do Grupo, planeja usar Dominique, uma androide criada segundo a imagem de sua falecida irmã, como peça final em uma arma construída em uma estação espacial que deveria ajudar a solucionar a crise atual de energia do mundo. Ao integrar a jovem aos sistemas da estação, Dauragon é capaz de usar a estação como um canhão orbital armado com um laser capaz de destruir praticamente qualquer coisa.

Estação parte do plano de Dauragon.

Apesar de começar de forma simples, rapidamente escalonando para algo que o jogador não esperava, o enredo de The Bouncer e as motivações dos personagens são bastante rasas. Detalhes importantes como o passado de alguns personagens centrais não são dados de forma clara, sendo contados durante as telas de carregamento do game e é praticamente impossível ler tudo já que o game começa logo que o carregamento é concluído.

Personagens

Existem muito mais personagens relacionados com a narrativa principal do que o que normalmente se espera. Além dos três que podem ser controlados pelo jogador e vilão principal, o game tenta dar alguma presença para outros mas sua curta duração impede qualquer tipo de desenvolvimento e aprofundamento do que é efetivamente mostrado.

Sion, Kou e Volt são apresentados e desenvolvidos durante o jogo quando um deles é selecionado como personagem jogável por um ou vários trechos. The Bouncer permite que qualquer dos três seja controlado, com a seleção feita em pontos chave antes do início das lutas ou quando o grupo precisa se separar, sendo possível terminar o game com um único personagem desde o início ou alterar durante o desenvolvimento dos eventos. Finais diferentes são destravados ao terminar o game com um dos três.

  • Sion Barzhad – Típico personagem que parece não se importar com os próximos a ele e tenta passar uma imagem mais séria mas é o mais esquentado do grupo principal. É o mais equilibrado do trio e melhor indicado para começar o jogo, usando combinações de socos e chutes.
  • Kou Leifoh – É o que leva as coisas um pouco mais na brincadeira, apesar da seriedade da situação. Luta empregando uma variedade de chutes.
  • Volt Krueger – A muralha do grupo e especialista em golpes de submissão. É o mais sério do grupo e tem um passado com o Grupo Mikado, encontrado uma antiga parceira durante a tentativa de resgate de Dominique.
  • Dominique Cross – Amiga do trio de seguranças e uma jovem bastante animada. Foi encontrada por Sion perdida na cidade e adotada pelo bar Fate. Próximo ao fim do game é revelado que ela é na verdade uma androide com a aparecia da finada irmã de Dauragon, morta por descaso do sistema de saúde da cidade Edge, onde o game se passa.
  • Dauragon Mikado – Lider atual do Grupo Mikado e “irmão” de Dominique. Dauragon é o vilão trágico do game, buscando vingança contra a cidade que causou a morte de sua irmã. Foi adotado pelo antigo lider o Grupo Mikado quando criança, aceitando a proposta de ser o futuro chefe da organização para retribuir o gesto do homem que tentou salvar Domenique.

Mais personagens que foram vítimas de experimentos ilegais conduzidos pelo Grupo Mikado surgem durante o game mas têm pouca presença, sendo eliminados por algum evento no game ou apenas introduzidos por texto. O grupo principal contém apenas os citados acima.

Combate

The Bouncer é um beat’em up, ou seja, o jogador é colocado contra grupos de inimigos enquanto percorre uma variedade de cenários. Não é um dos mais refinados, com controles pesados e que oferecem pouca liberdade ao jogador. Os controles tem dois tipos de comportamento: quando não em combate é possível correr e movimentar o personagem de forma mais livre; dentro de zonas de combate, o que ocorre sempre que se aproxima de um inimigo, o personagem assume postura de guarda e se torna um pouco mais pesado.

Não existe sistema de travamento de mira, o que deixa o game um pouco mais complicado por ser um beat’em up em 3D e com câmera fixa, às vezes em posições ruins quando em espaços apertados. O personagem vai tentar travar de forma automática no oponente mais próximo mas sem qualquer indicação visual.

É possível desbloquear novos movimentos para Sion, Kou e Volt usando pontos adquiridos de acordo com o desempenho do jogador nas lutas. Chamados de Bouncer Points, BP’s, os pontos podem ser usados também para melhorar os atributos básicos dos personagens como ataque, defesa e HP.

The Bouncer emprega um sistema chamado Active Character Selection, que permite a seleção de personagem antes de cada confronto ou mesmo ditando que caminho o jogador ira seguir em determinadas partes. O uso do sistema por si só é interessante por gerar a possibilidade de terminar o game várias vezes para poder descobrir os possíveis caminhos até o fim da jornada. Apesar de apresentar pontos positivos, o sistema de combate como um todo é um pouco limitado e repetitivo com pequenos trechos de luta, imediatamente seguidos por uma cutscene e novamente combate.

Conclusão

The Bouncer é um exemplo de jogos de começo de geração que são muito antecipados mas que às vezes acabam não atingindo todo o seu potencial por problemas que podem ocorrer ao se trabalhar com tecnologias novas. No caso de The Bouncer foi um pouco complicado descobrir uma forma de trabalhar com o hardware do PlayStatation 2 e havia uma certa pressa para lançar o game de forma que estivesse entre os primeiros títulos disponíveis para o console.

O game foi uma fracasso comercialmente, vendendo no total 345,981 unidades e foi recebido com decepção pelo público. Os problemas com a câmera, muitos trechos de loading e falta de modo cooperativo para a campanha principal foram destacados durante as avaliações do título. Apesar das críticas, a apresentação visual foi elogiada praticamente de forma unanime, sendo tida como seu maior atrativo.

The Bouncer foi um dos jogos que deu suporte a um acessório do PlayStatation 2 que talvez poucos conheçam. Chamado de Multiap, o acessório permitia que quatro controles fossem ligados de vez no console, com quatro jogadores se enfrentando no modo Arena do game ou dois jogadores contra oponentes controlados pelo game.

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Fontes

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