Classificado como uma Action-adventure/ hack and slash, Onimusha Warlods foi lançado em 2001 para o PlayStation 2, ganhando versões mais tarde para diversos outros consoles, incluindo uma com conteúdo inédito para Xbox e versões atualizadas para consoles de nova geração, em 2019.
Apesar de estar enquadrado apenas nas duas categorias acima, Onimusha é também um survivor horror mas pode passar desapercebido devido ao uso de magia e por envolver um samurai e sua assistente como protagonistas. Warlords foi o primeiro game da série e o responsável por introduzir Samanosuke ao grande catálogo de personagens da Capcom.
Warlords é uma experiencia curta mas que consegue se sair bem no conceito que propõe. Os controles são um pouco sofridos, pelo menos na versão original, com movimentação estilo tanque e apenas usando o d-pad. Felizmente o problema foi corrigido a partir do terceiro game e nas versões mais novas.
Narrativa e Mundo
Warlords acontece no Japão, durante o período Sengoku, época mais conturbada da terra do sol nascente, marcada por conflitos constantes entre grupos com o objetivo de unificar o país. A exemplo de diversos games que usam o período referido como plano de fundo, Onimusha mistura elementos reais com fantasia para criar sua narrativa, usando figuras históricas como personagens.
A narrativa do game começa logo após um conflito que resultou na morte de Oda Nobunaga. Apesar de ser uma importante figura da história Japonesa e personagem grande em games em que aparece, em Onimusha, Oda é morto por uma simples flecha durante o combate, sem identificação sequer de quem a disparou. A morte do general é o gatilho que começa os eventos sobrenaturais do game.
Após o conflito e subsequente morte de Nobunaga, Samanosuke Akechi recebe uma carta de sua prima, Princesa Yuki, relatando uma série de desaparecimentos misteriosos em seu castelo. Temendo ser a próxima, a princesa pede que o samurai investigue os eventos mas infelizmente o guerreiro chega tarde de mais.
Samanosuke encontra o castelo da princesa infestado de criaturas chamadas Genma. Existem variações em tipos e tamanhos, com o tipo mais comum se assemelhando a humanos portando katanas. Versões mais monstruosas também estão presentes em algumas partes. Apesar de ser um samurai habilidoso, Samanosuke não está preparado para lutar contra os Genma usando apenas sua espada, recebendo o poder dos Oni após enfrentar uma luta que quase custou sua vida.
Experimentos em um jogo com samurais ?
Normalmente games que adotam o estilo hack and slash ou survivor horror focam em apenas uma explicação para os inimigos do game: ou eles simplesmente existiram, no caso de games com um universo regido por magia/sobrenatural, ou são criados por meio de experimentos, como em Resident Evil, por exemplo. Onimusha adota as duas abordagens: existem demônios e monstros criados por um “cientista” pertencente ao primeiro grupo de inimigos. De certa forma magia e ciência andam juntos em Onimusha.
O fato de haver essa coexistência de lados no game explica o motivo dos desaparecimentos que têm ocorrido no castelo de Yuki. Guildenstern, um Genma e cientista passou a raptar os habitantes do castelo para conduzir experimentos com o objetivo de criar novos membros para os Genma. Samanosuke é o responsável por encontrar e eventualmente derrotar algumas de suas criações. Um dos pontos legais do game é encontrar o laboratório onde alguns experimentos foram feitos, misturando o ar mistico dos inimigos com uma pitada de Resident Evil, game com o qual Onimusha é comparado por alguns.
Como todo cientista, Guildenstern mantém diários que ajudam o jogador a entender o que está acontecendo no game, as motivações do ser e o motivo real do desaparecimento de Yuki.
A cerimonia Negra
Apesar de toda a arrogância mostrada por Guildenstern nos encontros com Samanosuke durante o game, o cientista é servo de um ser chamado Fortinbras, também conhecido como Deus da Luz e Rei dos Genma. O objetivo do ser é usar Nobunaga, revivido por Guildenstern, como novo general de seu exercíto, devido a sua sede por sangue, e eventualmente como ponte para o mundo humano.
Para cumprir esse objetivo Nobunaga deve passar por um ritual chamado de Cerimônia Negra, consistindo em sacrificar Yuki e usar o sangue da princesa para dar poderes sobrenaturais ao general. O irmão adotivo de Yuki seria o catalisador para tornar Nobunaga ainda mais poderoso já que ver o garoto ser morto encheria a princesa de tristeza. Felizmente o ritual é interrompido e tanto a princesa quanto seu irmão são salvos por Samanosuke.
Infelizmente não existe um ponto no game em que Nobunaga é enfrentado, ficando apenas como figura secundária na trama e aparecendo apenas no começo e final do jogo. Nem mesmo os outros humanos descritos nos diários de Guildenstern aparecem como inimigos, apesar de serem mencionados com o mesmo potencial de Nobunaga mas em níveis menores.
Movimentação, puzzles e exploração
Como mencionado acima, Warlords faz uso da movimentação estilo tanque, com controles pesados e movimentação limitada do personagem. Samanosuke é capaz de correr, usar armas mágicas, arco e flecha e até mesmo um mosquete, entrar em guarda e defender golpes dos inimigos. Um pequeno dash pode ser executado enquanto em guarda para ajudar na esquiva. Saltos, rolamentos e movimentos comuns em games do gênero são inexistentes. Apesar de ser um game de ação, Onimusha adota limitações típicas de games de survivor horror.
O enredo do game se passa no castelo em que Yuki reside e em áreas circundantes, com o jogador explorando os locais em busca de chaves e armas novas para conseguir progredir. Existe um número bom de puzzles espalhados pelo game, seja para seguir a narrativa ou para destrancar uma passagem. Felizmente existe apenas um que tem o fator tempo, exigindo que o jogador consiga completar um símbolo para abrir uma porta antes que Samanosuke se afogue.
Como mencionado no artigo do primeiro Fatal Frame, alguns enigmas exigem que o jogador consulte textos com caracteres em Japonês para completar puzzles que são baseados na mitologia dos Genma. Felizmente exite um menu durante a resolução que mostra os textos encontrados pelo jogador.
Durante breves períodos em que Samanosuke está preso em algum local ou em uma batalha contra um dos Genma, o controle passa para sua assistente, a Ninja Kaede. Kaede tem seu próprio conjunto de armas e pode destrancar certas portas com ajuda de seu kit de ferramentas, tem movimentos mais acrobáticos do que os do samurai quando em guarda mas infelizmente não tem acesso a ataques mágicos.
Extras e Conteúdo Adicional
Warlords é um game relativamente curto, podendo ser terminado em algumas horas se o jogador já sabe o que fazer e onde exatamente ir. Terminar o game desbloqueia modos adicionais a depender do desempenho do jogador e da quantidade de Fluorites coletadas. Os adicionais são roupas para Samanosuke e Kaede, novas dificuldades, um trailer especial e um mini-game chamado Oni Spirits com 12 estágios. Um dos itens mais estranhos no game é a roupa alternativa para o samurai: um panda gigante, com direito a capuz quando o R2 é pressionado.
Existe uma espada obtida após completar um desafio opcional no game. A arma é a mais poderosa disponível e pode eliminar boa parte dos inimigos em um único golpe, mesmo no modo mais difícil. Para tentar balancear um pouco o game, a nova espada não tem ataques mágicos. Completar o tal desafio opcional pode ser o mais complicado do game já que envolve enfrentar diversos inimigos em um espaço confinado e a movimentação do game não permite que erros sejam cometidos. O desafio deve ser completado antes de entrar na sala final do game, de onde não é possível sair.
Conclusão
Onimusha Warlords é um game que combina certos elementos de survivor horror com o gênero hack and slash/adventure e se sai bem ao criar um mundo próprio. É uma experiencia curta mas bastante divertida, assumindo que o jogador não perca a cabeça quando a dificuldade saltar em algumas partes.
O game ganhou diversos prêmios após o lançamento, vendendo mais de 2 milhões de unidades e tornando-se o mais vendido do PlayStation 2 no ano de lançamento. Uma versão melhorada e com mais conteúdo foi lançada em 2002 para o Xbox, chamada de Genma Onimusha. Em 2019 versões remasterizadas foram lançadas para consoles da época, com controles atualizados e filtro em HD.
O sucesso do primeiro game tornou as sequências possíveis. A série principal conta com quatro games, com o último lançado em 2006, empregando a mesma mecânica de controles mas abandonando a movimentação exclusiva pelo d-pad a partir do terceiro game. Existe um game de luta 2-D no estilo Super Smash Bross chamado Onimusha Blade Warriors, lançado em 2003.