Resident Evil e Silent Hill provavelmente são os primeiros nomes que vêm em mente quando alguém cita o gênero survivor horror. Atravessar uma cidade infestada de zumbis e monstros ou ficar preso em um pesadelo infernal com recursos e armas limitadas já complica bastante a vida do jogador e de nossos queridos protagonistas. Mas pense: e se você tivesse que enfrentar fantasmas em uma enorme mansão e apenas com uma câmera velha deixada por sua mãe? E se após terminar o game você descobrisse que, supostamente, parte dele foi baseado em eventos reais? Esta é a proposta de Fatal Frame ou Project Zero (Europa) ou apenas Zero (Japão).
A suposta lenda da Mansão Himuro
Se você for um dos sortudos que ainda tem uma unidade deste jogo em casa, pode perceber que a capa do game diz que ele foi baseado em fatos reais. Os fatos em questão são uma série de rituais que ocorreram em uma mansão no norte do Japão chamada de Mansão Himuro.
Basicamente é dito que a mansão guardava um portão para o inferno e que, para mantê-lo fechado, alguns rituais deveriam ser feitos para evitar que algo muito ruim escapasse de lá. Tais rituais eram feitos em segredo, em partes ocultas da mansão e envolviam ações violentas e completamente desumanas com os participantes, ou vítimas, dependendo de como se encara a coisa toda.
O que acontece exatamente em cada ritual é um pouco pesado para ser listado aqui mas completá-los significava ter sucesso em selar o carma ruim da terra e evitar que ele se espalhasse. Algo deu errado durante a sequencia de rituais e todos na mansão morreram. Eventualmente a mansão foi comparada por outra família, após anos abandonada, mas os compradores simplesmente sumiram da mansão pouco tempo depois.
Personagens e enredo
Fatal Frame nos apresenta os irmãos Mafuyu e Miku Hinasaki.
Mafuyu é um aspirante a jornalista que decide ir até a Mansão Himuro para tentar descobrir o que aconteceu com Junsei Takamine, um novelista que pesquisava sobre os rituais ocorridos na mansão e que desapareceu misteriosamente durante suas investigações. Para ajudar em sua busca, Mafuyu leva uma câmera fotográfica deixada por sua mãe. Pode parecer estranho levar algo assim para buscar uma pessoa desaparecida, afinal, por que levar justo uma câmera que usa filme fotográfico ainda por cima, para um lugar abandonado? Bem, a herança deixada pela mãe dos irmãos pode ver “coisas que os olhos humanos não conseguem”. Essencialmente pode ver espíritos e revelar segredos escondidos por forças sobrenaturais. A presença de Mafuyu na casa acaba despertando espíritos presos na casa e ele eventualmente desaparece, deixando apenas a câmera para trás.
Dias após o desaparecimento do irmão, Miku vai até a mansão em um esforço para tentar salvar Mafuyu. Ela encontra a câmera em um dos corredores do casarão e tem uma visão de Mafuyu sendo perseguido por forças obscuras pouco antes de sumir. Com o irmão sumido, presa na mansão e com a própria vida em risco, Miku deve desvendar o mistério dos desaparecimentos e escapar dos espíritos antes que seja tarde de mais.
Inimigos e combate
Fatal frame apresenta fantasmas como inimigos. Talvez uma melhor definição seja “espíritos vingativos”, já que nem todos os que são encontrados durante o game são hostis com Miku. Espíritos vingativos são fantasmas que carregam uma dose de raiva, vingança ou ódio por algo que aconteceu e isso não permite que eles partam para o além, deixando-os permanentemente presos a um local.
Para combatê-los, Miku dispõe de uma câmera especial, chamada de “câmera obscura”, que pode ver os fantasmas e tem o poder de exorcizá-los a medida que fotos são tiradas. Cada foto tirada dos espíritos recompensa o jogador com pontos que podem ser usados para melhorar as funções básicas da câmera e adquirir novas habilidades. Lembrando que a única arma que o jogador tem é a câmera obscura e seus diferentes tipos de filme, cada um com um nível de poder de exorcismo diferente.
O interessante de ter apenas a câmera como arma é o fator medo que ela passa ao jogador, já que, para usá-la de forma efetiva e consequentemente aplicar maior dano aos inimigos, é preciso deixá-los chegar bem perto de Miku, o que permite que mais poder seja armazenado antes da foto e, dependendo dos nervos e calma do jogador, seja possível conseguir um “fatal frame”, uma foto que causa muito mais dano ao espírito por pegá-lo com a guarda aberta.
Existem itens de suporte como: ervas medicinais (recuperam uma parte da saúde de Miku), água sagrada (recupera toda a saúde) e stone mirros (restauram toda a saúde se Miku morrer). Filmes com diferentes níveis de poder também estão espalhados pela mansão. É recomendado que os mais poderosos sejam deixados para a parte final do game. Para usar as funções adicionais da câmera, é preciso usar uma spirit stone, item mais raro e difícil de ser encontrado durante o game, recomenda-se guardar apenas para emergências.
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A verdade sobre a Mansão
Lembra da parte sobre a capa do jogo ter a mensagem “baseado em fatos reais” ? Bom, na verdade tudo não passou de uma jogada para promover o game. Fatal Frame foi lançado em 13 de dezembro de 2001 e em 4 de março de 2002 na América do Norte. A ideia de promover a lenda da Mansão Himuro como real veio juntamente com o lançamento nos Estados Unidos, tanto que a inscrição de “baseado em fatos reais” nem mesmo é presente na capa japonesa do jogo. O pequeno truque de marketing acabou funcionando e por um bom tempo acreditava-se que os eventos usados no game realmente teriam ocorrido em algum lugar remoto do japão. É um alívio enorme saber que nada do que é descrito no jogo tem ligação com a realidade.
Conclusão
Fatal Frame é um ótimo jogo dentro do gênero de survivor horror e apresenta uma ideia bastante original para criar e conduzir sua narrativa. O jogador realmente se sente indefeso em certas partes do jogo e a movimentação mais “travada” e sem agilidade, que costumava ser presente em jogos que seguem essa temática, ajuda a criar tensão enorme durante a jogatina.
O aspecto visual é um fator impressionante até mesmo para os padrões atuais. O interior da mansão e as áreas externas são muito bem detalhadas e construídos. Os inimigos são visualmente desconcertantes e capazes de assustar ainda hoje. Apesar de todos os acertos do game a falta de legenda pode ser um incomodo em algumas partes, já que a dublagem não permite que alguns trechos sejam totalmente entendidos, mas nada que realmente afete a experiência.
Fatal frame foi originalmente lançado para Playstation 2 em 2001 no japão e no ano seguinte nos Estados Unidos e Europa. Uma versão melhorada foi lançada para Xbox em 2002. É uma ótima recomendação para amantes de survivor horror e não chega a ser uma experiencia complicada para o gamer casual. O game é relativamente curto e pode ser terminado em algumas horas e com um pouco de paciência para resolver os puzzles, já que os símbolos usados na solução não foram traduzidos e consultas aos arquivos/documentos encontrados durante o game podem ser um pouco frequentes. Os controles podem causar um pouco de estranheza por serem mais pesados/travados do que outros jogos do gênero ou mesmo jogos mais recentes mas a adaptação é feita em pouco tempo, já que os controles da câmera lembram bastante os usados em FPS’s modernos.
Importante destacar que Fatal Frame conta com finais diferentes a depender da dificuldade em que o jogo é terminado e novas funções para a câmera podem ser conseguidas ao completar desafios opcionais. É o bastante para te convencer a passar por uma mansão cheia de fantasmas mais de uma vez ?
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